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sábado, 5 de outubro de 2013

Estoril v Benfica: a primeira deslocação ao campo da Amoreira


Quando o Benfica se estreou na Amoreira com uma vitória. Não perca, este domingo às 20:15, o Estoril v Benfica em mais uma jornada do campeonato nacional.

Outubro de 1944. Enquanto a guerra ecoava lá longe e os aliados conseguiam importantes avanços sobre as forças alemãs, em Portugal um domingo de outono era sinónimo de folhas amarelecidas e castanhas assadas, mas também de futebol. Em mais uma jornada do Campeonato de Lisboa, o Benfica do húngaro János Biri deslocava-se ao campo da Amoreira para defrontar um Estoril-Praia que pela primeira vez militava na divisão maior do campeonato regional da capital.

Esperava-se um obstáculo difícil de ultrapassar para a equipa de encarnado vestida, mas feitas as contas o Benfica venceu com relativa facilidade numa tarde em que o vento foi o principal adversário de duas equipas que queriam jogar bem e não conseguiam. E se alguém mereceu uma estatueta dourada por ter tentado fazê-lo afincadamente desde início, esse alguém foi o pequeno e irrequieto Pires, o grande inspirador do triunfo benfiquista. O pontapé de saída pertenceu, assim, ao Benfica e nem meio minuto após o jogo se ter iniciado já a bola entrava redonda na baliza de Valongo. Ataque encarnado pela esquerda e imediatamente golo para surpresa de todos, obra de Pires, claro está. Inspirados pela vantagem, os jogadores encarnados continuaram a carregar no ataque e ao minuto cinco apareceu mais um golo, o segundo da conta benfiquista. Foi mais uma vez Pires que, solicitado por Julinho, logrou meter a bola no fundo daquele rectângulo ao fundo do campo, contando desta vez com a ajuda de Éolo. Os deuses eram encarnados. 

Dois golos em cinco minutos, mas não se julgue que ficamos por aqui. Recomeçada a partida, o Estoril teve o seu melhor período em todo jogo e conseguiu mesmo reduzir. Raúl Silva passou por César Ferreira e Moreira, meteu a bola na frente, e Lourenço, «acorrendo lesto», fez o golo perante um impotente Martins. 1-2 no placard e jogo relançado. Ou talvez não. O Benfica voltou imediatamente ao ataque com Julinho a comandar as tropas e a solicitar, de cabeça, Teixeira para este fazer um grande golo. O relógio marcava na altura apenas onze minutos e estava feito o resultado final sem que, no entanto, ninguém o soubesse. Referida esta informação, torna-se quase inútil o resto da prosa mas continuemos. O tempo que faltava até ao fim da primeira parte, o Benfica jogou-o todo no meio-campo estorilista, com Francisco Ferreira, Julinho e Rogério sempre em evidência vendo os seus remates serem parados à vez pelo poste, pelo guardião Valongo e pela sua falta de pontaria.

No segundo tempo, aguardava-se a reacção do Estoril-Praia mas ela não chegou a aparecer. O jogo foi mais dividido, é certo, mas mesmo com o vento a varrer o campo na direcção da baliza de Martins, a procura de oportunidades de golo por parte dos estorilistas foi muito superior à oferta, e como o Benfica não carregou tanto no ataque, tudo ficou como estava. E se me permitem, ficou bem. Ganhou o Benfica logo no começo porque era melhor e assim tinha de ser. Terminado o campeonato, os comandados de János Biri veriam o rival Sporting festejar a conquista do Campeonato de Lisboa com dois pontos à maior, mas os papéis inverter-se-iam no final da época e aí seria o Benfica a festejar a conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, por sinal o sexto título da sua já então bonita história.

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DA EDIÇÃO DO DIÁRIO DE LISBOA DO DIA 23/10/1944

2 comentários:

Quando o Benfica era Benfica!
Eso es bueno! Gracias por compartir

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